sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Marabá - Gonçalves Dias















Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
— "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"

— Meus olhos são garços, são cor das safiras,
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
— As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
"Teus olhos são garços",
Responde anojado, "mas és Marabá:
"Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
"Uns olhos fulgentes,
"Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!"

Poema Completo nos Sites:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/goncalves-dias/maraba.php
http://www.pensador.pt/pensamento/ODA2/

13 comentários:

Adalberto disse...

Belo poema narrativo. A experiência lírica desse poema é de uma dramaticidade impar. Olha o tom: "Eu vivo sozinha, ninguém me procura!" E olha que ela é bonita: "- Meus olhos são garços, são cor das safiras". Mas os homens não a desejam. Por quê?...

Adalberto disse...

A rejeição dos possíveis pretendentes decorre do fato de a jovem Marabá ser mestiça. Todos confirmam que ela é muito bonita, tem olhos garços, cor da safira. A comparação com elementos da natureza tem o propósito de exaltar os dotes físicos de Marabá, mas, nem mesmo assim, ela é aceita para ser desposada. Está condenada à solidão.

Clubedocartola disse...

Interessante saber disso!

Thiago Pedro.

Catarina Dantas disse...

Mas essa rejeição ta relacionada ao que? Epoca?

Catarina Dantas disse...

Melhor dizendo, era a época que descriminava mestiços?

Adalberto disse...

Catarina, em todo o período da história da humanidade houve preconceito racial ou social. No século XIX, no Brasil, não era diferente. Os brancos não queriam ver suas filhas e/ou filhos casados (as) com negros ou índios. O que chama a ateñção nesse poema é que o preconceito parte dos índios. Eles é que não querem uma mestiça. Querem uma índia pura, sem o sangue do branco. Do ponto de vista artística, é uma forma de o autor revelar que houve resistência por parte dos índios à presença do branco nesse país.

Whitor Ugo disse...

Realmente é um texto intereçante (h) '

Junior Cunha disse...

O Eulirico é Um Mulher?

Adalberto disse...

Caro Junior, tanto em Leito de Folhas Verdes, quando em Marába o eu lírico é feminino. Nos dois casos, são duas jovens narrando suas dramáticas experiências amorosas. Marabá, por não ser aceita. A índia de Leito de folhas verdes, porque Jatir não aparece para a noite de núpcias.
Abraço

Unknown disse...

a respeito do judas,a questao de maricota ser bem mais 'atravessada' do que chiquinha,leva ao fato de que as mulheres naquela epoca eram como a propria?

o que chiquinha e maricota tem em que nao se entendem?

Agradeço!
Thiago Pedro

Unknown disse...

professor o senhor vai pedir como assim esse texto na prova?

Pensar... disse...

cade os novos textos professor ?
que é pra gente ler na proxima aula ? :D

Rayssa Cristina

Adalberto disse...

Rayssa, Norberto ficou de postar. Acredito que não consegui encontrar os textos. De qualquer modo, vc pode encontrá-los na internet.
Abraço

Postar um comentário